Destaques Arquivo MPR #30
«A vitória da justiça e do direito» - celebrando o Armistício de 1918.
A 11 de novembro de 1918, a Europa e o mundo respiravam de alívio: terminava a I Guerra Mundial. Nesse dia, em Compiègne, no Nordeste de França, era assinado um armistício entre os Aliados e a Alemanha. Foi decido que às 11 horas do dia 11 os combates terminariam, pondo fim a um conflito que mudaria para sempre o mundo, com um trágico balanço de perto de vinte milhões de mortos, entre militares e civis.
Quando a guerra começara, em agosto de 1914, a República Portuguesa contava 4 anos apenas, e foram também 4 os Presidentes que exerceram o cargo durante os 4 anos que durou a Grande Guerra: Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Bernardino Machado e Sidónio Pais. Logo em 1914, enviaram-se tropas para defender os territórios portugueses em África, mas a unanimidade ficaria desfeita quando se passa a discutir o envio de tropas portuguesas para a frente europeia de guerra. O primeiro contingente militar português parte para França em janeiro de 1917. O país fica dividido, o contexto de guerra acentua as dificuldades socioeconómicas e amplifica as sucessivas crises políticas.
No dia em que se assinou o Armistício, Sidónio Pais era o Presidente da República Portuguesa. As notícias sobre o fim da guerra foram chegando a Portugal e o contentamento foi geral. No Arquivo Sidónio Pais encontram-se alguns documentos dando conta do regozijo pela assinatura do Armistício.
Este documento que aqui destacamos, enviado ao Presidente da República, Sidónio Pais, foi remetido pelo Ateneu Comercial de Lisboa, 3 dias após a assinatura do Armistício. Salientava-se «a vitória da justiça e do direito para a qual a nossa nação concorreu, tomando parte gloriosa na luta com a presença dos seus soldados que souberam mais uma vez levantar bem alto o nome do nosso querido Portugal.»
Este voto de congratulação ia ao encontro de uma das motivações para o envolvimento português na frente europeia da Guerra: estar ao lado dos Aliados. E assim vai ser no ano seguinte, com a participação de Portugal na assinatura do Tratado de Paz de Versalhes (junho de 1919) e no Desfile da Vitória, em Paris (14 de julho de 1919). Simultaneamente, no plano interno, o país continuava a sua trajetória de instabilidade. Um mês após esta carta, o Presidente Sidónio Pais era assassinado.