Destaques Arquivo MPR #31

«De Volta à Pátria» – a opereta de Chiquinha Gonzaga.

Entre os muitos presentes que o Presidente António José de Almeida recebeu na sua viagem ao Brasil, em 1922, conta-se a opereta «De Volta à Pátria: peça de costumes luso-brasileiros», com música de Chiquinha Gonzaga – como ficou conhecida Francisca Edviges Neves Gonzaga – e letra de Cândido Costa.

A opereta tinha sido composta 3 anos antes, chamando-se «O Minho em Festa», mas ficou guardada. Não foi editada nem cantada em público.

Em 1922, homenageando o Presidente da República Portuguesa, convidado a participar nas comemorações do centenário da Independência do Brasil, a opereta foi renomeada: «De Volta à Pátria». Encadernada a partitura manuscrita, Chiquinha Gonzaga autografou-a e ofereceu-a: «Ao Exmo. Sr. Dr. António José de Almeida, depositário egrégio do cérebro lusitano e excelso portador do coração brasileiro».

Compositora, pianista e maestrina, Francisca Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro, em 1847, e faleceu na mesma cidade, em 1935. Era filha de um marechal do Exército e neta pelo lado materno de uma escrava alforriada.

Chiquinha é considerada uma importante figura da história na música brasileira, mas também na história da afirmação das mulheres. Nas suas opções pessoais e profissionais contrariou, muitas vezes para escândalo da época, as regras da sociedade machista, preconceituosa e discriminatória em que viveu.

Foi pioneira na composição de temas carnavalescos, sendo «Ó abre alas» a consagração nacional; na incorporação de melodias e ritmos populares na música erudita e no piano; na condução de orquestras, como maestrina; na defesa dos direitos de autor, sendo cofundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Em 2012, o dia 17 de outubro, aniversário do nascimento de Chiquinha, foi decretado o Dia Nacional da Música Popular Brasileira.

A dedicatória autografada é do dia 26 de setembro de 1922. Neste último dia de visita ao Brasil, António José de Almeida foi recebido na Academia Brasileira de Letras – terá sido aqui que Chiquinha Gonzaga ofereceu a sua opereta?

A peça continuou desconhecida até 2011, ano em que o projeto «Acervo Digital Chiquinha Gonzaga» a publicou, a par com a imensa obra musical da artista.

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Capa da partitura da opereta «De Volta à Pátria: peça de costumes luso-brasileiros», com música de Francisca Gonzaga e letra de Cândido Costa. Chiquinha Gonzaga aos 85 anos. Folha inicial da partitura da opereta oferecida ao Presidente António José de Almeida, autografada por Francisca Gonzaga, conhecida como Chiquinha Gonzaga. Primeira folha da partitura da opereta oferecida ao Presidente António José de Almeida. Chiquinha Gonzaga com um grupo de autores teatrais. Alexandre Dias e Wandrei Braga, pianistas que têm estudado a obra de Chiquinha Gonzaga e que em 2011 criaram o projeto «Acervo Digital Chiquinha Braga». Atrás, o retrato da artista. Chiquinha Gonzaga com 29 anos. Cópia do retrato do Presidente António José de Almeida pintado por Columbano Bordalo Pinheiro, para o palácio do alto-comissário em Luanda, José Norton de Matos. Desde o final da década de 1930 que se desconhece o paradeiro do retrato original. O Presidente da República António José de Almeida, à esquerda, e o seu homólogo brasileiro, Epitácio Pessoa, à direita, durante a visita realizada pelo Chefe do Estado, para participar nas comemorações do centenário da independência do Brasil, em 1922. António José de Almeida usa a Banda das Três Ordens; Epitácio Pessoa ostenta a Faixa Presidencial.