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Desde tenra idade que os talentos do futuro rei-pintor são conhecidos:   

«Quantas vezes fomos surpreender o encantador principezinho, despreocupadamente deitado no chão das salas do Paço da Ajuda a esboçar, em pedaços de papel, o perfil de alguma embarcação que ele vira de longe passar no Tejo (…)».

José Dias Sanches, D. Carlos de Bragança e a sua arte. Lisboa: ed. do autor, 1964, p. 11.

Reconhecidos os dotes artísticos do jovem príncipe D. Carlos, desde cedo iniciou a sua formação com lições particulares dos Mestres António Manuel da Fonseca, Tomás de Anunciação, Miguel Ângelo Lupi e Enrique Casanova. A tradição cultural e artística, consolidada na corte portuguesa através de D. Fernando II (Rei-Artista), seu avô, terá tido grande influência. Fora do círculo familiar, D. Carlos privou e trocou ideias com artistas da época – Malhoa, Columbano, Carlos Reis, entre outros.

Carlos, ainda príncipe, viveu no Palácio Nacional de Belém entre 1886 e 1889. Aqui mandou construir um ateliê de pintura, com excelentes qualidades de iluminação natural.

Esta «cena campestre» (fig. 1), é manifesto do gosto do desenho pela natureza, como princípio absoluto do real.

As suas obras mais conhecidas são as aguarelas sobre a temática do mar, também conhecidas por «marinhas». Porém, D. Carlos foi um pintor que utilizou, com versatilidade, várias técnicas: aguarela, óleo e pastel, destacando-se nesta última técnica, de entre muitas, «Antes da Caçada» (fig. 2) e «O Sobreiro» (fig. 3).

O Rei-Pintor ganhou alguns prémios em concursos nacionais e internacionais, nomeadamente na Exposição Universal de Paris, em 1900, onde conquistou a medalha de prata.

RA

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Figura 1: «Cena campestre». D. Carlos de Bragança. Aguarela sobre papel. Figura 2: «Antes da Caçada». D. Carlos de Bragança. Pastel sobre tela, 113 X 162 cm. Catálogo «El-Rei Dom Carlos, Pintor», Fundação da Casa de Bragança. Figura 3: «O Sobreiro». D. Carlos de Bragança. Pastel sobre tela. 165,8 X 100 cm.