Salas Protocolares

Sala das Bicas

A Sala das Bicas é um dos espaços mais conhecidos do Palácio de Belém. Imagens desta sala são transmitidas frequentemente na televisão, à entrada ou à saída das audiências concedidas pelo Presidente da República. É também por aqui que se iniciam as visitas guiadas ao Palácio de Belém.

As bicas que jorram água da boca de dois leões, desde o século XVII, dão o nome à sala, marcada, na sua decoração, pelo mármore preto e branco, os azulejos, os bustos de imperadores romanos e os panos tapa-portas com as armas do Rei D. João V, primeiro proprietário régio do Palácio. No centro, sobre uma mesa-bufete ao gosto português do século XVII, está sempre o Livro de Honra, assinado por todos os chefes de Estado que visitam Portugal.

No teto encontra-se a maior tela pintada do Palácio de Belém. Atribuída a Vitorino Manuel da Serra, a pintura, do século XVIII, sugere uma enorme estrutura em talha dourada, aberta para o céu, onde está representada a deusa Flora.

Sala de Jantar

A Sala de Jantar do Palácio de Belém é usada regularmente pelo Presidente da República, para almoçar ou jantar com convidados seus. A mesa comporta cerca de 24 pessoas sentadas. Para banquetes de Estado, ou refeições com comitivas alargadas, é utilizado, normalmente, o Palácio Nacional da Ajuda, mas também o Palácio da Cidadela de Cascais.

A primeira notícia que refere a existência de uma sala de jantar em Belém data do reinado de D. Maria II e D. Fernando II, durante o período em que residiram no Palácio. Foi nesta sala que se realizou o último jantar oficial da monarquia, oferecido pelo Presidente do Brasil, Hermes da Fonseca, ao Rei D. Manuel II, no dia 3 de Outubro de 1910. As peripécias e o nervosismo dos comensais ficaram descritos nas memórias que o então mordomo do palácio, Vital Fontes, escreveu décadas mais tarde.

Durante a Presidência de António Ramalho Eanes (1976-1986), a Sala de Jantar foi adaptada para instalar o Museu da Presidência da República. Expunha os presentes recebidos pelo Chefe do Estado. Podia ser visitada pelo público nos dias do Render da Guarda e noutros dias, marcados previamente.

Nas paredes encontram-se, hoje, alegorias aos cinco sentidos, trabalho flamengo do século XVII, de artista não conhecido. Cada sentido é representado por uma figura feminina e pelo animal que popularmente lhe está associado: a águia à visão; o cão ao olfato; a raposa à audição; a catatua ao tato; o macaco ao paladar. Estas cinco pinturas faziam parte da coleção de arte do conde de Burnay e foram compradas pelo Estado português.

Sala Dourada

No dia-a-dia presidencial, esta sala torna-se uma área de passagem para a sala seguinte, no entanto, está sempre preparada para acolher receções e momentos festivos.

Deve o nome ao tom dominante da decoração: o dourado dos tecidos das paredes, dos móveis, do lustre, do teto e até do grande tapete de Beiriz que cobre quase toda a sala.

O teto poderá ser uma encomenda do reinado de D. José I, combinando um trabalho muito requintado de talha dourada, atribuído a Silvestre Faria Lobo, com telas figuradas, evocando, a central, o Concílio dos Deuses.

No princípio do século XX, a Sala Dourada foi remodelada. Desde então, passou a apresentar uma pintura a óleo atribuída ao ateliê de Peter Paul Rubens: Cristo Triunfante da Morte e do Pecado, do Museu Nacional de Arte Antiga.

Sala Império

Nesta sala aguardam todas as pessoas que têm audiência marcada com o Presidente da República; esperam que um ajudante-de-campo ou um assessor as acompanhe até ao Gabinete Oficial. 

Foi Sala de Bilhar, no tempo em que os príncipes D. Carlos e D. Amélia viveram no palácio, entre 1886 e 1889; também se chamou Sala D. João V, pois nela existiu um busto deste Rei. No presente, é a Sala Império, por causa do estilo dos móveis que aqui se encontram, moda que surgiu durante o período do imperador francês, Napoleão.

O teto apresenta uma pintura a fresco, atribuída a Máximo Paulino dos Reis, que a terá executado por volta de 1820; o tema central retrata, de forma alegórica, o Rei D. João VI.

Terá sido nesta sala que D. Maria II negociou com Passos Manuel, o chefe do Governo, num episódio político que ficou conhecido como a Belenzada; a Rainha, mais conservadora, cedeu à posição progressista de Passos, defensor do esvaziamento de poderes da monarca. Durante a I República (1910-1926), aqui foi instalado o Gabinete do Presidente, função que se manteve durante a Ditadura Militar (1926) e o início do Estado Novo (1933-1974). Nessa época, as paredes expunham os retratos dos Presidentes da República, hoje na galeria do Museu.

Sala dos Embaixadores

Esta sala é utilizada para várias funções do Presidente da República, uma delas é a apresentação das cartas credenciais dos novos embaixadores, oriundos de países estrangeiros acreditados em Portugal. 

Quando D. Carlos e D. Amélia viveram no palácio, chamou-se Sala da Princesa, pois era contígua ao seu quarto de dormir. Os brasões pintados no teto testemunham esse tempo: de um lado, o brasão dos Bragança, alusão a D. Carlos, do outro, o brasão bipartido, metade Bragança, metade Orléans, referência a D. Amélia, de origem francesa.

O lustre com a águia bicéfala e as luminárias de parede, em cristal de Murano, foram comprados pelo Rei D. Fernando II, durante uma viagem a Itália, para o Palácio das Necessidades, onde vivia. Encontram-se no Palácio de Belém desde 1913. Os móveis reproduzem o gosto Luís XV, executados em 1903 por José Emídio Maior. Um tapete de Beiriz, com fauna e flora exóticas, cobre o chão da sala. Trata-se de uma reprodução do original, deteriorado com o uso, oferecido pelo Brasil a Portugal, durante a I República.

Na sequência do assassínio do Presidente Sidónio Pais, a 14 de dezembro de 1918, o seu corpo esteve em câmara ardente nesta sala. Durante o Estado Novo e após a Revolução de 25 de Abril de 1974, sucessivos governos aqui tomaram posse, tradição que se prolongou até julho de 1976, com o I Governo Constitucional.

Multimédia

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Uma das duas bicas que dão o nome à sala de entrada do Palácio de Belém. A água jorra da boca do leão, o mesmo animal que aparece nas armas, símbolo de nobreza, do conde de Aveiras. Sala das Bicas: os vitrais das janelas que dão para o Pátio dos Bichos. A Sala das Bicas. Sala de Jantar. Sala Dourada. Teto e lustre da Sala Dourada. «Cristo triunfando sobre a Morte e o Pecado», na Sala Dourada: pintura a óleo atribuída à oficina de Peter Paul Rubens. Sala Império antes da redecoração de 2022. Sala Império. Sala Império antes da redecoração de 2022. Sala Império. Sala dos Embaixadores. Sala do Conselho de Estado, onde reúne o órgão consultivo do Presidente da República.